O Holocausto ou Shoah foi um processo de perseguição, exclusão social e econômica, expropriação, guetização, extermínio por meio da fome, doenças, esgotamento físico por conta do trabalho e, por fim, o assassinato por meio de fuzilamentos e gaseamento. Em suma, um plano de extermínio total, que levou ao assassinato de aproximadamente 2/3 dos judeus europeus durante a Europa ocupada, além de milhares de mortes de outros grupos é um evento marcante no século XX, dadas as proporções da catástrofe. O Holocausto produziu a mais violenta ruptura para o ideal moderno, racional e civilizado, desestabilizando seu projeto de humanidade. Na medida em que no coração da Europa a barbárie levou, por meio de uma indústria burocratizada, racionalizada e tecnicamente organizada para o extermínio de milhares de pessoas. Por conta disso, a historiografia do Holocausto é vasta – quase tão antiga quanto o próprio evento – na medida que logo após o choque da descoberta dos campos, em especial de extermínio, era pungente a necessidade de reflexões que buscassem interpretar o fenômeno que altera definitivamente a ordem europeia. Desde então, as reflexões historiográficas com relação a Shoah passaram por desdobramentos distintos e mudanças na medida que novas fontes e novos testemunhos foram descobertos e revelados, ao mesmo tempo que possibilidades de abordagens foram sendo criadas e o próprio distanciamento temporal possibilitava novas abordagens e o trato da memória, na medida que se trata de um evento traumático para o Ocidente. Nos últimos anos podemos observar fenômenos preocupantes. Um deles, podemos caracterizar como sendo uma certa “apropriação do Holocausto”, que com supostos argumentos historiográficos buscam relativizar o evento. Em outros casos tentam particularizar o fenômeno, tratando-o como relacionado exclusivamente aos judeus, por fim, ainda há incidência do negacionismo histórico que pretende, a partir de grupos específicos, simplesmente negar a existência da Shoah. Fenômeno importante é que quanto mais nos distanciamos temporalmente da libertação dos campos, o número de testemunhas diminui, logo, possuímos hoje a última geração com contato direto com sobreviventes. Tratar o Holocausto era urgente logo após a revelação dos campos, continuou urgente a cada descoberta, a cada reinterpretação, hoje, com os avanços dos negacionistas e de políticas que remetem aos tempos mais sombrios do século XX, se faz ainda necessário discutir e estudar a Shoah. Por tudo isso, o presente dossiê busca reunir artigos que tratem o Holocausto nas mais variadas possibilidades de abordagens, anterior à sua ocorrência, durante e depois, ou seja, o que o permitira, seu desenrolar e como fora e é feita a sua gestão de memória, tal como questões teóricas que o envolvem, por se tratar de um evento traumático que desestabilizou as bases de orientação da modernidade trazendo problemas epistemológicos também para a História. Contribuições relativas ao papel do Brasil e da sociedade brasileira nesse período, seja através da relação de refugiados e sobreviventes do Holocausto com o Brasil, ou de grupos políticos – estatais ou não – também são bem-vindas.

DOI: https://doi.org/10.18224/mos.v15.n1.2022

Publicado: 06.09.2022

EDITORIAL

Thais Alves Marinho

1-2

DOI: https://doi.org/10.18224/mos.v15i1.12436

HISTÓRIA E MEMÓRIA DO HOLOCAUSTO: ABORDAGENS NECESSÁRIAS E URGENTES

Makchwell Coimbra Narcizo, Michel Ehrlich, Michel Gherman

3-6

DOI: https://doi.org/10.18224/mos.v15i1.12437
DOI: https://doi.org/10.18224/mos.v15i1.8397

A MEMÓRIA DE ANNE FRANK SOB PERSPECTIVA: UM ESTUDO DOS MATERIAIS DIDÁTICOS DO INSTITUTO LA CASA DE ANA FRANK NA ARGENTINA

Carlos André Silva de Moura, Jairo Fernandes da Silva Júnior, Júlia Rany Campos Uzun

26-40

DOI: https://doi.org/10.18224/mos.v15i1.8470
DOI: https://doi.org/10.18224/mos.v15i1.9248
DOI: https://doi.org/10.18224/mos.v15i1.8634
DOI: https://doi.org/10.18224/mos.v15i1.8777

A NEGAÇÃO DA CIÊNCIA NA RETÓRICA POPULISTA ANTISSISTEMA

Carla Montuori Fernandes, Luiz Ademir de Oliveira, Fernando Resende Chaves

100-112

DOI: https://doi.org/10.18224/mos.v15i1.8975
DOI: https://doi.org/10.18224/mos.v15i1.12332

HOLOCAUSTO: MEMÓRIA COLETIVA E NEGACIONISMO

Ewerton Samir Cavalcante Calaça e Silva, Renan da Cruz Padilha Soares

126-138

DOI: https://doi.org/10.18224/mos.v15i1.9232
DOI: https://doi.org/10.18224/mos.v15i1.9246
DOI: https://doi.org/10.18224/mos.v15i1.9150
DOI: https://doi.org/10.18224/mos.v15i1.9211

PRESERVAÇÃO EM IVOTI/RS: O CASO DA ANTIGA IGREJA SÃO PEDRO

Adriana Konrad, Luiz Antônio Gloger Maroneze, Suzana Vielitz de Oliveira

183-203

DOI: https://doi.org/10.18224/mos.v15i1.8437
DOI: https://doi.org/10.18224/mos.v15i1.8855
DOI: https://doi.org/10.18224/mos.v15i1.8785
DOI: https://doi.org/10.18224/mos.v15i1.8813
DOI: https://doi.org/10.18224/mos.v15i1.8779
DOI: https://doi.org/10.18224/mos.v15i1.12167
DOI: https://doi.org/10.18224/mos.v15i1.9156
DOI: https://doi.org/10.18224/mos.v15i1.9016