A Revista Mosaicos está reunindo artigos para o Dossiê História da Loucura que tem por referência principal a obra homônima de Michel Foucault. O significado principal disso é que a loucura é, em primeiro lugar e acima de tudo, um acontecimento cultural pelo qual atravessam os vieses do poder. A loucura aconteceu, no Ocidente, como uma das principais maneiras de apartação dos sujeitos em apenas dois lados. Daí que a loucura seja um dos principais temas numa história dos modos de constituição da subjetividade. Mas, é importante destacar que uma das principais heranças dessa obra de Foucault aconteceu com uma publicação de Robert Castel, A Ordem Psiquiátrica: a Idade de Ouro do Alienismo, seguida por uma obra em coautoria com Françoise Castel e Anne Lovell, Sociedade psiquiatrizada avançada, o modelo norte-americano. Nessas duas obras, o conceito de psiquiatrização da sociedade permite ver que a história da loucura da contemporaneidade alcança a sociedade global na mesma direção que a psiquiatria avança sobre o social, muito para além dos muros do hospício. Tomadas essas referências principais, estamos chamando textos que se ocupem não apenas com a história das instituições asilares, mas também da filosofia, dos saberes, da sociedade, da arte (a música, a literatura, a poesia, o cinema, a fotografia, a pintura, o teatro, a arquitetura etc) enquanto desafiados pela loucura. Temas muito caros seriam também a psiquiatrização da criança, sobretudo na e pela escola; e a psiquiatrização da adolescência, sobretudo pela socioeducação, pelo policiamento, pela institucionalização punitiva. Por fim, também merecem grande interesse as pesquisas atentas à história regional, na medida em que aterrizam a história da loucura nos problemas da sociedade local e na tal modernização de nossos territórios.
DOI: https://doi.org/10.18224/mos.v14.n2.2021
Publicado: 22.12.2021