HISTÓRIA E MEMÓRIA DO HOLOCAUSTO: ABORDAGENS NECESSÁRIAS E URGENTES
Conteúdo do artigo principal
Resumo
O Holocausto produziu a mais violenta ruptura para o ideal moderno, racional e civilizado, desestabilizando seu projeto de humanidade. Na medida em que no coração da Europa a barbárie levou, por meio de uma indústria burocratizada, racionalizada e tecnicamente organizada para o extermínio de milhares de pessoas.
Por conta disso, a historiografia do Holocausto é vasta – quase tão antiga quanto o próprio evento – na medida que logo após o choque da descoberta dos campos, em especial de extermínio, era pungente a necessidade de reflexões que buscassem interpretar o fenômeno que altera definitivamente a ordem europeia. Desde então, as reflexões historiográficas com relação a Shoah passaram por desdobramentos distintos e mudanças na medida que novas fontes e novos testemunhos foram descobertos e revelados, ao mesmo tempo que possibilidades de abordagens foram sendo criadas e o próprio distanciamento temporal possibilitava novas abordagens e o trato da memória, na medida que se trata de um evento traumático para o Ocidente.
Nos últimos anos podemos observar fenômenos preocupantes. Um deles, podemos caracterizar como sendo uma certa “apropriação do Holocausto”, que com supostos argumentos historiográficos buscam relativizar o evento. Em outros casos tentam particularizar o fenômeno, tratando-o como relacionado exclusivamente aos judeus, por fim, ainda há incidência do negacionismo histórico que pretende, a partir de grupos específicos, simplesmente negar a existência da Shoah. Fenômeno importante é que quanto mais nos distanciamos temporalmente da libertação dos campos, o número de testemunhas diminui, logo, possuímos hoje a última geração com contato direto com sobreviventes.
Tratar o Holocausto era urgente logo após a revelação dos campos, continuou urgente a cada descoberta, a cada reinterpretação, hoje, com os avanços dos negacionistas e de políticas que remetem aos tempos mais sombrios do século XX, se faz ainda necessário discutir e estudar a Shoah.
Por tudo isso, o presente dossiê busca reunir artigos que tratem o Holocausto nas mais variadas possibilidades de abordagens, anterior à sua ocorrência, durante e depois, ou seja, o que o permitira, seu desenrolar e como fora e é feita a sua gestão de memória, tal como questões teóricas que o envolvem, por se tratar de um evento traumático que desestabilizou as bases de orientação da modernidade trazendo problemas epistemológicos também para a História. Contribuições relativas ao papel do Brasil e da sociedade brasileira nesse período, seja através da relação de refugiados e sobreviventes do Holocausto com o Brasil, ou de grupos políticos – estatais ou não – também são bem-vindas.
Downloads
Detalhes do artigo
Proposta de Política para Periódicos de Acesso Livre Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos: Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons BY-NC-ND 4.0 que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Policy Proposal for Open Access Journals Authors who publish in this journal agree to the following terms: Authors retain the copyright and grant the journal the right to first publication, with the work simultaneously licensed under the Creative Commons BY-NC-ND 4.0 that allows sharing of the work with acknowledgment of authorship and initial publication in this magazine. Authors are authorized to assume additional contracts separately, for non-exclusive distribution of the version of the work published in this journal (eg, publishing in institutional repository or as a book chapter), with acknowledgment of authorship and initial publication in this journal. Authors are allowed and encouraged to publish and distribute their work online (eg in institutional repositories or on their personal page) at any point before or during the editorial process, as this can generate productive changes, as well as increase impact and citation of the published work (See The Effect of Open Access).
Referências
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e Holocausto. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
CATTARUZZA, Marina. The historiography of the Shoah: na attempt at a bibliographical synthesis. Totalitarismus und Demokratie, v. 3, p. 285-321, 2006.
LACAPRA, Dominick. Escribir la historia, escribir el trauma. Buenos Aires: Nueva Visión, 2005.
LEVY, Daniel; SZNAIDER, Natan. The Institutionalization of Cosmopolitan Morality: The Holocaust and Human Rights. Journal of Human Rights, v. 3, n. 2, p. 143-157, 2004.
NOVICK, Peter. The Holocaust in American life. Boston/New York: Mariner Books, 2000.
VIDAL-NAQUET, Pierre. Os assassinos da memória: um Eichmann de papel e outros ensaios sobre o revisionismo. Campinas: Papirus, 1988.