PRÁTICAS FUNERÁRIAS NO CEMITÉRIO DOS PRETOS NOVOS
VIOLÊNCIA SIMBÓLICA E ESTRUTURA PANÓPTICA DE PODER
DOI:
https://doi.org/10.18224/hab.v21i2.13622Palavras-chave:
Diáspora Africana, Arqueologia Funerária, Queima de corpos, Cemitério dos Pretos Novos, Rio de JaneiroResumo
Este artigo apresenta os resultados das análises de alteração térmica nos remanescentes dentários do Cemitério dos Pretos Novos (CPN), designado para receber os corpos dos cativos africanos recém-chegados no Rio de Janeiro durante os séculos XVIII e XIX. A queima dos corpos era uma prática recorrente, performada a fim de otimizar o espaço em função da demanda cada vez maior de sepultamentos, bem como de ocultar o terrível cheiro de decomposição. Os resultados demonstraram que foram queimados, em sua maioria, à temperatura de calcinação (≥ 650 ºC) e em variados estágios de decomposição. Buscou-se, através desta pesquisa, ampliar o entendimento acerca do tratamento dado aos mortos, e ainda, lançar luz sobre a estrutura de poder e violência representada por este espaço funerário.
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