ECOLOGIA DO DESEJO

ÁRVORES ATRAENTES E POVOS INDÍGENAS EM ISOLAMENTO NA AMAZÔNIA

Autores

  • Daniel Cangussu FUNAI
  • Laura Ferreira Furquim USP
  • William Perez FUNAI
  • Karen Shiratori USP
  • Fernanda Antunes de Carvalho UFMG
  • Maria Auxiliadora Drumond UFMG
  • Izabel Missagia de Mattos Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.18224/hab.v20i2.12258

Palavras-chave:

Povos indígenas isolados, política do “não-contato”, Etnobotânica

Resumo

Na década de 1980, como política pública de Estado, instituiu-se um método investigativo de campo destinado a qualificar as ações de localização e monitoramento dos povos indígenas isolados da Amazônia. Tal método visa garantir a estes povos o direito originário aos seus territórios, sem desrespeitar sua decisão pelo isolamento. Qualificar este método a partir dos saberes e perspectivas nativas tem sido o objetivo de pesquisadores e pesquisadoras de diversas áreas do conhecimento que o reconhecem como uma “ciência mateira”, baseada na leitura dos vestígios antrópicos nas matas e orientada pelo o olhar dos povos da floresta. Neste artigo, destacamos a agência vegetal e o poder atrativo exercido por espécies arbóreas sobre os humanos e não humanos e sua aplicação nas ações de localização e monitoramento dos territórios dos povos indígenas isolados.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Daniel Cangussu, FUNAI

Indigenista. Departamento de Índios Isolados

Laura Ferreira Furquim, USP

Arqueóloga, doutoranda no Museu de Arqueologia e Etnologia da USP. Pesquisadora do Laboratório de Arqueologia dos Trópicos (Arqueotrop-MAE-USP) e do Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena (NEAI - UFAM)

William Perez, FUNAI

Indigenista da Fundação Nacional do Índio (FUNAI).

Karen Shiratori, USP

Antropóloga, pós-doutoranda do Departamento de Antropologia da USP. Pesquisadora do Centro de Estudos Ameríndios (CEstA-USP) e da Unidade Mista de Pesquisa « Patrimoines locaux, environnement & globalisation » (PALOC-IRD);

Fernanda Antunes de Carvalho, UFMG

Professora Adjunta do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG);

Maria Auxiliadora Drumond, UFMG

Professora Adjunta do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); [email protected] Professora Associada do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG);

Izabel Missagia de Mattos, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Profesora Asociada de Antropología del Departamento de Ciências Sociais de la Universidad Federal Rural
de Río de Janeiro (UFRRJ)

Referências

AMORIM, Fabrício. Militância de Estado: Notas preliminares sobre a formação do indivíduo indigenista-sertanista. In: CARVALHO, Luciana; APARICIO, Miguel, SILVA, Rubens (orgs.). Ciências e Sociedade. Diálogos Interdisciplinares na Amazônia. RFB Editora, 2021.

AMORIM, Fabrício. Novos Desafios da Ação Indigenista Oficial. In: RICARDO, Carlos Alberto; RICARDO, Fany (orgs.). Povos Indígenas do Brasil 2011/2016. São Paulo, São Paulo: Instituto Socioambiental, 2017.

ANDRADE, A. W. Arqueologia do Lixo: um estudo de caso nos depósitos de resíduos sólidos da cidade de Mogi das Cruzes em São Paulo. São Paulo: Tesis de Doctorado. Museu de Arqueologia e Etnologia. Universidade de São Paulo, 2006.

BONILLA, Oiara. O bom patrão e o inimigo voraz: predação e comércio na cosmologia Paumari. Mana, v. 11, n. 1, p. 41-66, 2005.

BRIGHTMAN, Marc.; FAUSTO, Carlos.; GROTTI, Vanessa. (orgs.). Ownership and Nurture: Studies. Native Amazonian Property Relations. New York: Berghahn Books, 2016.

BUARQUE DE HOLANDA, Sérgio. Caminhos e Fronteiras. Rio de Janeiro: José Olympio, 1957 (edición ilustrada, Colección Documentos Brasileiros). p. 145.

CABRAL DE OLIVEIRA, Joana. A sedução das mandiocas. In: LABATE, Beatriz; GOULART, Sandra (orgs.). O uso de plantas psicoativas nas Américas. Rio de Janeiro: Gramma/NEIP, 2019.

CABRAL DE OLIVEIRA, Joana. Vegetable Temporalities: Life cycles, maturation and death in an Amerindian ethnography. Vibrant, v. 17, 2020.

CAIXETA DE QUEIROZ, Ruben. Olhares e perspectivas que fabricam a diversidade do passado e do presente: por uma arqueologia etnográfica das bacias dos rios Trombetas e Nhamundá. Anuário Antropológico, 2014.

CANGUSSU, Daniel. Manual Indigenista Mateiro. Disertación (Maestría - Programa de Pós Graduação em Gestão de Áreas Protegidas da Amazônia). INPA, 2021.

CANGUSSU, Daniel; SHIRATORI, Karen; FURQUIM, Laura. Notas botánicas sobre aislamiento y contacto. Plantas y vestigios hi-merimã (río Purús/Amazonía brasileña). Anthropologica [en línea], v. 39, n. 47, p. 339-376, 2021. Disponível em: http://dx.doi.org/10.18800/anthropologica.202102.014. Acesso em: 12 jan. 2021.

CANGUSSU, Daniel; FURQUIM, Laura; SHIRATORI, Karen; MACHADO, Luiza; BRUNO, Ana; NEVES, Eduardo. Uma arqueologia do não-contato: povos indígenas isolados e a materialidade arqueológica das matas e plantas na Amazônia. Revista SAB (Sociedade de Arqueologia Brasileira), 2022.

CARNEIRO DA CUNHA, Manuela; MAGALHÃES, Sônia; ADAMS, Cristina. Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil. SBPC, 2001.

CARVALHO, Luciana; APARICIO, Miguel, SILVA, Rubens. Ciências e Sociedade. Diálogos Interdisciplinares na Amazônia. RFB Editora, 2021.

COCCIA, Emanuele. A vida das plantas: uma metafísica da mistura. Cultura e Barbárie, 2018.

COSTA, Luiz. The Owners of Kinship: Asymmetrical Relations in Indigenous Amazonia. Chicago: HAU Books, 2017.

CONRADO, Rodrigo; COELHO, Maria Emilia; ALCÂNTARA E SILVA, Victor (orgs.). Proteção e Isolamento em Perspectiva. Experiências do Projeto Proteção Etnoambiental de Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato na Amazônia CENTRO DE TRABALHO INDIGENISTA. 1. ed. Brasília, 2020.

FAUSTO, Carlos. Donos demais: maestria e domínio na Amazônia. Mana, v. 14, n. 2, p. 329-366, 2008.

FURQUIM, Laura; WATLING, Jennifer, SHOCK, Myrtle; NEVES, Eduardo. O testemunho da arqueologia sobre a biodiversidade, o manejo florestal e o uso do fogo nos últimos 14.000 anos de história indígena. In: CARNEIRO DA CUNHA, Manuela; MAGALHÃES, Sônia; ADAMS, Cristina. Povos Tradicionais e Biodiversidade no Brasil. SBPC, 2001.

GINZBURG, Carlo. Mitos, Emblemas, Sinais. Morfologia e história. Trad. Federico Carroti. 3. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

HUSTAK, Carla; MYERS, Natasha. Le ravissement de Darwin: le langage des plantes. Paris: Éditions de la Découverte, 2020.

LABATE, Beatriz; GOULART, Sandra (orgs.). O uso de plantas psicoativas nas Américas. Rio de Janeiro: Gramma/NEIP, 2019.

MENDES DOS SANTOS, Gilton, CANGUSSU, Daniel, FURQUIM, Laura, WATLING, Jennifer; NEVES, Eduardo. Pães de índio e biomassas vegetais: elos entre o passado e o presente na Amazônia indígena. Ciências Humanas, MPEG, v. 16, n. 1, 2021.

MÉTRAUX, Alfred. Borracha. Entrecasca de árvore. In: RIBEIRO, Berta. Suma Etnológica Brasileira. Edição atualizada do Handbook of South American Indians - Etnobiologia. Petrópolis: Vozes, 1986.

PEREIRA, Amanda. Demarcando vestigios: definindo (o território de) indígenas em isolamento voluntário na Terra Indígena Massaco. São Carlos: Disertación de Maestría, Programa de Pós-graduação em Antropologia Social, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, São Paulo, 2018.

RIBEIRO, Berta. Suma Etnológica Brasileira. Edição atualizada do Handbook of South American Indians - Etnobiologia. Petrópolis: Vozes, 1986.

RICARDO, Carlos Alberto; RICARDO, Fany (orgs.). Povos Indígenas do Brasil 2011/2016 (pp. 62-66). São Paulo, São Paulo: Instituto Socioambiental, 2017.

RICARDO, Fany; GÓNGORA, Majoí. Cercos e Resistências: Povos indígenas isolados na Amazônia Brasileira. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2019.

SCHIFFER, Michael. Formation processes of the archaeological Formation processes of the archaeological record. Albuquerque: University of New Mexico Press, 1987.

SEEGER, Anthony; MATTA Roberto da; VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. A construção da pessoa nas sociedades indígenas brasileiras. Boletim do Museu Nacional, Série Antropologia, n. 32, p. 2-19, 1979.

SHEPARD JR., Gleen; RAMIREZ, Henry. Made in Brazil: human dispersal of the Brazil nut (Bertholletia excelsa, Lecythidaceae) in ancient Amazonia. Economic Botany, 2011.

SHIRATORI, Karen; CANGUSSU, Daniel; FURQUIM, Laura. Life in tree scenarios: plant controversies between Jamamadi gardens and Hi-Merimã palm orchards (Middle Purus River, Amazonas, Brazil). Journal of Anthropological Archeology.

SILVA, Lucas. A História Kaingáng através do Ritual do Kiki. Revista Santa Catarina em História, v. 5, n. 1, 2011.

SOUZA, Vinícius; LORENZI, Harri. Botânica Sistemática: Guia ilustrado para identificação das famílias de Fanerógamas nativas e exóticas no Brasil, baseado em APG III. São Paulo: Instituto Plantarum, 2012.

GRUBER, Jussara; ORGANIZAÇÃO GERAL DOS PROFESSORES TICUNA BILÍNGUES. O livro das árvores. 4. ed. Benjamin Constant: Ed. Organizadora AM, 1998.

VANZOLINI, Marina. A Flecha do Ciúme: o parentesco e seu avesso segundo os Aweti do Alto Xingu. 2010. 437 f. Tesis (Doctorado en Antropología Social) – Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Museu Nacional-Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2010.

VAZ, Antenor. Isolados no Brasil. Política de Estado: da Tutela para a política de direitos - Uma questão resolvida? Brasília: Estação Gráfica, 2011.

VAZ, Antenor. Pueblos Indígenas en Aislamiento en la Amazonía y Gran Chaco Informe regional: territorios y desarrollo – Land is Life, 2019.

Publicado

09-12-2022

Como Citar

CANGUSSU, D.; FERREIRA FURQUIM, L.; PEREZ, W.; SHIRATORI, K.; ANTUNES DE CARVALHO, F.; DRUMOND, M. A.; MISSAGIA DE MATTOS, I. ECOLOGIA DO DESEJO: ÁRVORES ATRAENTES E POVOS INDÍGENAS EM ISOLAMENTO NA AMAZÔNIA. Revista Habitus - Revista do Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia, Goiânia, Brasil, v. 20, n. 2, p. 535–558, 2022. DOI: 10.18224/hab.v20i2.12258. Disponível em: https://seer.pucgoias.edu.br/index.php/habitus/article/view/12258. Acesso em: 15 out. 2024.