O presente dossiê busca trabalhos que pensem nas relações estabelecidas pelas questões das maternidades, seus discursos históricos e as atuações dos feminismos, tanto no passado, quanto em seus impactos no mundo contemporâneo. É, portanto, uma proposta de intercâmbio interdisciplinar que agrega uma extensa pauta no que tange às noções das maternidades e dos feminismos. Os diversos feminismos contemporâneos, em especial os surgidos através das mídias digitais, entendem que a “maternidade”, agora entendida como ato plural de “fazer social” – e, embora seja uma questão importante para as mulheres nem sempre recebeu a atenção reflexiva pelos feminismos – e que apresenta uma série de demandas e debates ainda em voga na sociedade ocidental, com especial atenção para a latinidade, tais como: controle de natalidade; maternidade compulsória; papel social das mulheres; atuação no mercado de trabalho; amamentação; divisão de gênero nas relações de cuidado, e diversas outras que, urgentemente, ganham força e se apresentam com pautas diversificadas e apropriações discursivas que ganham especificidades próprias em diferentes contextos.
A presença de múltiplos saberes, narrativas, linguagens e estudos acerca das questões que envolvem as relações de gênero, maternidades, discursos históricos e feminismos envolve um amplo debate sobre emoções, afetos, sexualidades, racialidades, etarismos, corpos(as), orientações sexuais, entre outros fatores, que uma vez naturalizada a função materna cada vez mais como sendo “função biológica da mulher”, foram retirados do cenário de debates públicos, obliterando lugares de fala e possibilidades de atuações políticas.
Aberto à participação de pesquisadoras/es aos diversos aspectos possíveis dessa ampla temática, esse dossiê visa compreender ações e temporalidades dos discursos e seus impactos na história e no mundo contemporâneo, com políticas e culturas ainda muito marcadas pelas desigualdades de gênero, violências e assimetrias de vida na nossa sociedade.
As novas topografias teóricas sobre maternidades e feminismos, realizadas desde final dos anos 90 que tem se aprofundado em diversas abordagens, possibilitam analisar tais temas, em especial na América Latina, através de uma série de marcadores sociais da diferença, tais como: raça, sexualidades, corpo, identidade de gênero e relações de poder, ampliando consideravelmente a potencialidade das categorias analíticas e das pesquisas realizadas, na construção de narrativas múltiplas e plurais, colaborando com a revisão de diferentes e áreas do conhecimento acadêmico e científico.
DOI: https://doi.org/10.18224/mos.v16.n4.2023
Publicado: 07.03.2024