<b>The Potters and the Archaeologist: the Clay in the Construction of Different Bodies</b>
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Resumo
As Ceramistas e a Arqueóloga: a Argila na Construção de Corpos Distintos
A olaria é uma técnica corporal exigente que requer um corpo ativo. É preciso (constantemente) atenção voluntária, treino, repetição, abertura à crítica e autocrítica, tolerância à dor (e de novo). Mas é fundamental saber montar e desmontar - sempre como processo contínuo – o sujeito e a matéria, a pessoa e o objeto, de forma inseparável. O barro é também uma pessoa e a pessoa um corpo-máquina, ciborgue (Haraway, 2000). Um corpo molda o outro de forma relacional (Joyce, 2000) em um processo recíproco de objetivação-subjetivação (Santos-Granero, 2009).
Para as ceramistas com as quais convivo nos espaços urbanos, só existe o ser no fazer, esses verbos se constroem mutuamente e se enredam, não há vida sem argila. Ser essa pessoa tem estreita relação com o fazer cerâmico. Como já aprendemos faz tempo com Simone de Beauvoir e Judith Butler, nos tornamos mulheres nessa construção material e simbólica; e distintas umas das outras, mulheres situadas. Nesse sentido, interessa aqui debater algumas dessas construções e sociabilidades em fazer-ser uma mulher ceramista em um contexto urbano. Elas se constroem em um esforço voluntário, consciente e proativo em seu ofício, como mulheres-ceramistas. Entre ceramistas a máxima “sinto, logo sou” é potencializada, e é então um corpo ativo que aplica uma teoria viva ao seu meio ambiente (Le Breton, 2016).
Nesse artigo pretendo interligar pessoas, coisas e fatos, para construir uma narrativa (parcial) sobre a tecnologia cerâmica e os diferentes corpos que ela produz. A perspectiva, no entanto, não é minha nem delas sendo ao mesmo tempo também nossa. É a argila, narradora da história, que dita o tempo, constrói, conecta e transforma os diferentes corpos. É essa perspectiva da materialidade que desejo seguir, incluindo os gestos técnicos como perspectiva teórico-prática.
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