GARIMPO DAS PEDRAS. UM ESTUDO SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE AS PESSOAS E AS COISAS DO PASSADO NA AMAZÔNIA

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Gabriela Pereira Maurity

Resumo

A pesquisa visa à reflexão sobre o estatuto das coisas do passado, especialmente, as ametistas extraídas de um garimpo contemporâneo, aquelas recuperadas no registro arqueológico e outros artefatos arqueológicos, na vida de um grupo de garimpeiras/os no sudeste do estado do Pará, Amazônia. A partir de narrativas memoriais e das materialidades que compõem as paisagens cotidianas de Alto Bonito, ou “Garimpo das Pedras”, reflito sobre o passado presente na Amazônia. Ressalto a relação das pessoas com uma paisagem multitemporal, percebendo as camadas memoriais que se instauram no lugar, mostrando que, na Amazônia, cotidianamente, as coisas do passado convivem e têm agência no presente. A ametista entrelaça as histórias constituidoras da paisagem do garimpo. Sua dispersão pelo chão indica o tempo do trabalho e marca as histórias de vida das/os garimpeiras/os, cada mudança na paisagem está vinculada e ancorada na ametista. Elas ganham lugar especial dentro das casas e têm sentimentos e qualidades identificados por suas/seus donas/os, que também reconhecem lâminas de machado arqueológicas que são mobilizadas como fontes de memória. O contato com o patrimônio arqueológico se dá durante o trabalho e pelos caminhos onde há sítios arqueológicos, mas a cerâmica ali dispersa não é percebida. Essa não-relação talvez se justifique pelo olhar capturado pelas ametistas e sua busca cotidiana. É provável que por também serem “pedras” e por conservarem o brilho na superfície, as lâminas de machado atraiam o seu olhar. Assim, a pesquisa no Garimpo das Pedras mostrou que ametistas, citrinos e coriscos, de formas e intensidades diferentes, se fundem com as pessoas, as paisagens, o passado e o presente na Amazônia.
Palavras-chave: Cultura Material. Arqueologia. Amazônia. Garimpo das Pedras. Carajás.

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Como Citar
MAURITY, G. P. GARIMPO DAS PEDRAS. UM ESTUDO SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE AS PESSOAS E AS COISAS DO PASSADO NA AMAZÔNIA. Revista Habitus - Revista do Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia, Goiânia, Brasil, v. 18, n. 1, p. 316–317, 2020. DOI: 10.18224/hab.v18i1.8385. Disponível em: https://seer.pucgoias.edu.br/index.php/habitus/article/view/8385. Acesso em: 29 mar. 2024.
Seção
Resumos / Abstracts
Biografia do Autor

Gabriela Pereira Maurity, Arqueóloga Independente

Mestre em Antropologia com ênfase em Arqueologia pelo Programa de Pós Graduação em Antropologia (PPGA) da Universidade Federal do Pará (UFPA) (2019). Graduada pelo curso de Ciências Sociais com ênfase em Antropologia na Universidade Federal do Pará - UFPA (2016). Atuou como bolsista no Projeto Arqueológico Carajás (PACA) na área de arqueologia do Museu Paraense Emílio Goeld (MPEG) (2014 - 2018). Possui interesse na área de arqueologia da Amazônia, Arqueologia pré-histórica, analise morfotecnológica, desenhos técnicos de material arqueológico, arqueologia do presente, antropologia social, arqueologia etnográfica e educação patrimonial.