MEMÓRIAS EXILADAS NO SÍTIO ARQUEOLÓGICO SÃO MIGUEL ARCANJO: UMA VISITA À IGREJA E AO COTIGUAÇU ENQUANTO PATRIMÔNIOS INDÍGENAS

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Jean Baptista
Tony Boita

Resumo

Diante das comemorações dos oitenta anos do tombamento nacional dos remanescentes arquitetônicos de São Miguel das Missões, o presente artigo questiona o paradigma jesuítico fundante daquele patrimônio, discutindo o não-lugar indígena em dois importantes espaços do Sítio Arqueológico São Miguel Arcanjo, aqui entendido como parte do cenário museal do Museu das Missões: a igreja central e o Cotiguaçu. Para tal, a partir de uma abordagem etno-histórica interessada na democratização dos patrimônios nacionais, o estudo questiona os discursos fundantes a partir de análises históricas pautadas na documentação colonial e em produções cinematográficas e reflexões produzidas por cineastas indígenas envolvidos com aquela espacialidade. Ao fim, levantam-se possibilidades sobre os caminhos que se abrem a partir destes questionamentos, sugerindo uma atualização dos discursos que fundamentam as visitações e a comunicação das instituições responsáveis pelo Sítio.

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Como Citar
BAPTISTA, J.; BOITA, T. MEMÓRIAS EXILADAS NO SÍTIO ARQUEOLÓGICO SÃO MIGUEL ARCANJO: UMA VISITA À IGREJA E AO COTIGUAÇU ENQUANTO PATRIMÔNIOS INDÍGENAS. Revista Habitus - Revista do Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia, Goiânia, Brasil, v. 17, n. 1, p. 151–162, 2019. DOI: 10.18224/hab.v17i1.7108. Disponível em: https://seer.pucgoias.edu.br/index.php/habitus/article/view/7108. Acesso em: 28 mar. 2024.
Seção
Dossiê / Dossier
Biografia do Autor

Jean Baptista, Universidade Federal de Goiás

Doutor em História. Professor do Bacharelado em Museologia da Universidade Federal de Goiás.

Tony Boita, Instituto Brasileiro de Museus

Museólogo e Mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal de Goiás. Diretor dos Museus Ibram no estado de Goiás.

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