Slaves’ dress between representation and materiality

Conteúdo do artigo principal

Isabela Cristina Suguimatsu

Resumo

Since the 1960s the focus of historical research about dress and clothing turned from a purely descriptive approach to a semiotic one: researches have started aiming at the representations and tried to understand the symbols behind the objects. Resting on the so called material culture studies, the objective of this article is to conceive dress no more subordinate to the dimension of the ideal meanings, but rather as materiality actively used in the process of signifying and making of social life. In the article I try to understand the role of dressing for “being a slave” in eighteenth-century Brazil: a society that valued ideals expressed in European fashion, but imposed social barriers for accessing them – for the slaves wear the materiality linked to such ideals.


O vestuário dos escravos entre representação e materialidade

Desde a década de 1960, os estudos sobre a indumentária e o vestuário passaram de uma abordagem puramente descritiva para outra baseada na semiótica: buscou-se atingir as representações e entender os símbolos por trás dos objetos. Com base nos chamados estudos da cultura material, o objetivo desse artigo é pensar o vestuário não mais subordinado à dimensão dos significados ideais, mas como materialidade ativamente usada no processo de significação e conformação da vida social. Para tanto, busca-se entender o papel do vestuário na constituição do “ser escravo” no Brasil oitocentista: em uma sociedade que valorizava ideais expressos na moda europeia, mas que criava barreiras para o acesso irrestrito a esses ideais e para o uso, pelos escravos, da materialidade a eles associada.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
SUGUIMATSU, I. C. Slaves’ dress between representation and materiality. Revista Habitus - Revista do Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia, Goiânia, Brasil, v. 15, n. 2, p. 221–240, 2017. DOI: 10.18224/hab.v15i2.5486. Disponível em: https://seer.pucgoias.edu.br/index.php/habitus/article/view/5486. Acesso em: 28 mar. 2024.
Seção
Dossiê / Dossier
Biografia do Autor

Isabela Cristina Suguimatsu, Universidade Federal de Minas Gerais

Mestre em Antropologia, linha de pesquisa em Arqueologia Histórica (PPGAN/UFMG). Bacharel em Ciências Sociais (UFPR)

Referências

AGOSTINI, Camila. Cultura material, memória e o lugar do outro na produção do conhecimento: sentidos e apropriações de ruínas do “tempo dos escravos”, inédito, versão 2015 [texto cedido pela autora]. Disponível em: <https://www.academia.edu/17629349/Por_uma_arqueologia_etnogr%C3%A1fica_as_pessoas_e_as_coisas_na_rela%C3%A7%C3%A3o_passado-presente_-_vers%C3%A3o_audio_visual_com_legendas_em_Espanhol>.

ALENCASTRO, Luís Felipe. O trado dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul, séculos XVI e XVII. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas. São Paulo: Edusp, 2007 [1711].

ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO. Registro de Cartas Re?gias Cod. 246, fl. 130v, 1701.

BARROS, Sigrid. A condição social e indumentária feminina no Brasil-Colônia. Anais do Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro, v. VIII, p. 117-154, 1947.

BARTHES, Roland. Histoire et sociologie du vêtement: quelques observations méthodologiques. Annales. Économies, Sociétés, Civilisations, Paris, a. 12, n. 3, p. 430-441, 1957.

BARTHES, Roland. Mitologias. São Paulo: Difel, 1982 [1957].

BARTHES, Roland. Inéditos: imagens e moda. v. 3. São Paulo: Martins Fontes, 2005 [1959].

BENCI, Jorge. Economia cristã dos senhores no governo dos escravos. São Paulo: Grijalbo, 1977 [1700].

BIBLIOTECA NACIONAL DE LISBOA. Seção de Manuscritos Reservados, Coleção Josephina, PBA. Pragmática de 24 de maio de 1749, Appendix das Leys, p. 19-24, Cod. 453, fls, 35-42v, 1749.

BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO. Seção Manuscritos, Correspondência e Ofícios. Carta Régia de 20 de fevereiro de 1669, II, 33, 29, 74, 1669.

BOURDIEU, Pierre. Esboço de uma teoria da prática. In: ORTIZ, Renato (org.). Sociologia. São Paulo: Ática, 1983 [1972]. p. 46-82.

BOURDIEU, Pierre. Coisas ditas. São Paulo: Brasiliense, 2004 [1990].

BRAUDEL, Fernand. Civilización material, economía y capitalismo, siglos XV-XVIII. Las Estructuras de lo Cotidiano: lo Posible y lo imposible. T. 1. Madrid: Alianza Editorial, 1984 [1979].

CALANCA, Daniela. História social da moda. São Paulo: Editora Senac, 2011 [2002].

CARDOSO, Fernando H. Capitalismo e escravidão no Brasil meridional: o negro na sociedade escravocrata do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977 [1962].

CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na Corte. São Paulo: Companhia das Letras, 2011 [1990].

CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Lisboa; Rio de Janeiro: Bertrand; Difel, 1990 [1988].

DOUGLAS, Mary. In the active voice. Londres: Routledg & Kegan Paul, 1982.

DOSSE, François. História do estruturalismo. Bauru: Edusc, v. 1, 2007.

ECO, Umberto. O hábito fala pelo monge. In: ECO, Umberto et al. Psicologia do vestir. Lisboa: Assírio & Alvim, 1982 [1975]. p. 7-20.

FREYRE, Gilberto. Sobrados e mucambos: decadência do patriarcado rural e desenvolvimento do urbano. Rio de Janeiro, 1977 [1936].

FREYRE, Gilberto. Ingleses no Brasil: aspectos da influência britânica sobre a vida, a paisagem e a cultura no Brasil. Rio de Janeiro: Topbooks, 2000 [1948].

HANDLER, Jerome. The middle passage and the material culture of captive Africans. slavery and abolition, v. 30, n. 1, p. 1-26, 2009.

HICKS, Dan. The material-cultural turn: event and effect. In: HICKS, Dan; BEAUDRY, Mary (eds.). The Oxford handbook of material culture studies. Oxford University Press, 2015 [2010]. p. 25-98.

HICKS, Dan; BEAUDRY, Mary. Material culture studies: a reactionary view. In: _______ (eds.). The Oxford Handbook of Material Culture Studies. Oxford University Press, 2015 [2010]. p. 1-20.

HODDER, Ian. Symbols in action, Cambridge: Cambridge University Press, 1982.

HODDER, Ian. Theory and practice in archaeology. Nova York; London: Routledge, 2005 [1992].

KARASCH, Mary C. A vida dos escravos no Rio de Janeiro. 1808-1850. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

KUHN, Thomas. Estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1998 [1962].

KROEBER, Alfred. On the principle of order in civilization as exemplified by changes of fashion. American Anthropologist, v. 21, n. 3, jul./sep., p. 235-263, 1919.

LARA, Silvia. Campos da violência: escravos e senhores na Capitania do Rio de Janeiro, 1750-1808. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

LARA, Silvia. Sedas, panos e balangandãs: o traje de senhoras e escravas nas cidades do Rio de Janeiro e de Salvador (Século XVIII). In: SILVA, Maria Beatriz N (org.). Brasil, Colonização e Escravidão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000a. p. 177-191.

LARA, Silvia. Legislação sobre escravos africanos na América portuguesa. In: ANDRE?S-GALLEGO, José (coord.). Nuevas aportaciones a la historia jurídica de Iberoamérica. Colección Proyectos Históricos Tavera, Madrid, 2000b.

LARA, Silvia. Fragmentos setecentistas: escravidão, cultura e poder na América portuguesa. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos. Ensaio de antropologia simétrica. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1994.

LATOUR, Bruno. On Recalling ANT. In: LAW, John; HASSARD, John (eds.). Actor network theory and after. Malden: Blackwell, 1999. p. 15-25.

LAVER, James. Breve historia del traje y la moda. Madrid: Cátedra, 1995.

LIPOVETSKY, Gilles. O Império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. São Paulo: Companhia das Letras, 2009 [1987].

LOVEJOY, Paul. A escravidão na África: uma história de suas transformações. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002 [1983].

MATTOSO, Katia Q. Ser escravo no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1990 [1982].

MESKELL, Lynn. Archaeologies of social life: age, sex, class et cetera in Ancient Egypt. Blackwell, Oxford, 1999.

MESKELL, Lynn. Divine things. In: DEMARRAIS, Elizabeth; GOSDEN, Chris; RENFREW, Colin (eds.). Rethinking materiality: the engagement of the mind with the material world. London: Oxbow Books, 2005. p. 249–259.

MILLER, Daniel. Material culture and mass consumption. Oxford: Blackwell, 1987.

MILLER, Daniel (ed.). Materiality. Durham: Duke University Press, 2005.

MILLER, Daniel (ed.). Anthropology and the Individual: a material culture perspective. New York: Berg, 2009.

MILLER, Daniel. Trecos, troços e coisas: estudos antropológicos sobre a cultura material. Rio de Janeiro: Zahar, 2013 [2010].

OLSEN, Bjørnar. In Defense of things. Lanhan: Altamira Press, 2010.

PAIVA, Eduardo F. Escravidão e universo cultural na Colônia. Minas Gerais, 1716-1789. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2001.

PRADO JR., Caio. Formação do Brasil contemporâneo. Colônia. São Paulo: Brasiliense, 1957 [1942].

RAINHO, Maria do Carmo T. A cidade e a moda: novas pretensões, novas distinções – Rio de Janeiro, século XIX. Brasília: Editora UnB, 2002.

ROACH, Mary Ellen; EICHER, Joanne B. Dress adornment and the social order. Nova York: John Wiley & Sons, 1965.

ROCHE, Daniel. A cultura das aparências: uma história da indumentária (séculos XVII-XVIII). São Paulo: Editora Senac, 2007 [1989].

SAHLINS, Marshall. Cultura e razão prática. Rio de Janeiro: Zahar, 2003 [1976].

SALERNO, Melisa. Arqueología de la indumentaria: prácticas e identidad en los Confines del Mundo Moderno (Antártica, siglo XIX). Buenos Aires: Del Tridente, 2006.

SANTOS, Juana Elbein; SANTOS, Deoscóredes M. O culto dos ancestrais na Bahia: o culto dos Eguns. In: MOURA, Carlos Eugênio M. (org.). Culto aos Orixás: vodus e ancestrais nas religiões afro-brasileiras. Rio de Janeiro: Pallas, 2011. p. 225-258.

SCARANO, Julita. Roupas de escravos e de forros. Resgate, Revista de Cultura, Campinas, n. 4, p. 51-61, 1992.

SELA, Eneida Maria M. Modos de ser, modos de ver: viajantes europeus e escravos africanos no Rio de Janeiro (1808-1850). Campinas: Editora Unicamp, 2008.

SILVA, Antonio Delgado da [redator]. Collecção da Legislação Portugueza Desde a Ultima compilação das ordenações, legislação de 1775 a 1790. Lisboa: Typografia Maigrense, 1828. p. 370-371.

SILVA, Camila Borges. O Símbolo indumentário: distinção e prestígio no Rio de Janeiro (1808-1821). Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, 2010.

SILVA, Maria Beatriz N. Cultura e sociedade no Rio de Janeiro (1808-1821). São Paulo: Editora Nacional, 1978.

SOUZA, Gilda de Mello. O espírito das roupas: a moda no século XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 2005 [1987].

THOMAS, Julian. Time, culture and identity: an interpretative archaeology. New York: Routledge, 1996.

THOMAS, Julian. Archaeology and modernity. New York: Routledge, 2004.

THOMAS, Brian; THOMAS, Larissa. Gender and the presentation of self: an example from the Hermitage. In: GALLE, Jillian; YOUNG, Amy (eds.). Engendering African American Archaeology: a Southern perspective. Knowville: University of Tennessee Press, 2004. p. 101-131.

VAINFAS, Ronaldo. História cultural e historiografia brasileira. História: Questões & Debates, Curitiba, n. 50, p. 217-235, jan./jun., 2009.

VILHENA, Luiz dos Santos. Recopilação de notícias soteropolitanas e brasílicas contidas em XX Cartas. Bahia, Imprensa Oficial do Estado, 1921 [1802].

WACQUANT, Loïc. Esclarecer o habitus. Educação & Linguagem, a. 10, n. 16, p. 63-71, jul./dez., 2007.

WERNECK, Mariza. Roland Barthes, a moda e as assinaturas do mundo. Revista de Moda, Cultura e Arte, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 102-118, abr./ago., 2008.