<b>Avaliação da qualidade da água do Córrego Vaca Brava: contribuições para Ciências Ambientais e Saúde</b>

Conteúdo do artigo principal

Patrícia Regina Silva
Júlio Cezar Rubin de Rubin

Resumo

O processo de ocupação do solo em Goiânia demostra que, devido ao seu acelerado crescimento populacional, a cidade reproduziu todas as contradições socioambientais de uma grande metrópole. Esse estudo relata uma avaliação das características físicas, químicas e microbiológicas do córrego Vaca Brava, com uma análise da variação temporal e espacial das suas características limnológicas. A coleta das amostras foi realizada em oito pontos no eixo longitudinal do córrego Vaca Brava, entre junho de 2015 e maio de 2016, abrangendo as estações de chuva e seca. Foram monitorados 27 parâmetros físico-químicos e biológicos. Para os resultados foi realizada uma análise de componentes principais (PCA), com o teste t para verificar a existência de diferença entre os períodos de coleta (seca e chuva). De maneira geral, os resultados indicaram águas com baixos valores de turbidez, nutrientes, DBO5 e Clorofila-a. No entanto, ocorreram exceções, como as elevadas concentrações de fósforo total, ortofosfato, nitrogênio total (Kjeldahl) e nitrogênio amoniacal registradas em alguns locais no período de seca. Baixas concentrações de oxigênio dissolvido também foram frequentes na área de estudo. Os resultados apontam para uma sazonalidade esperada, que podem estar correlacionados a uma maior contribuição de fontes poluentes. A proteção das cabeceiras do córrego Vaca Brava contribui para valores amenos nos pontos amostrais mais à jusante, muito provavelmente devido ao fato da criação do PMVB. A ocupação humana desordenada se reflete na maior concentração de residências (especialmente verticais) nas partes intermediárias do córrego Vaca Brava, sendo coerente com os resultados mais negativamente expressivos nesse trecho do córrego. Dentre todos os pontos amostrais, o de maior relevância para a maioria das alterações é o Ponto 5, que pode estar refletindo cargas de efluentes advindas de esgotos, comércio e pequenas indústrias, seja de forma canalizada ou por enxurradas na estação chuvosa.


Evaluation of the water quality of the Vaca Brava Stream: contributions to Environmental Sciences and Health

The process of land occupation in Goiânia demonstrates that, owing to its accelerated populational growth, the city reproduced all the socioenvironmental contradictions of a big metropolis. This study reports an evaluation of the physical, chemical and microbiological characteristics of the Vaca Brava Stream, with a temporal and spatial analyses of its limnological characteristics. The samples collecting was carried out in eight points along the longitudinal axis of the Vaca Brava Stream between June 2015 and May 2016, encompassing the rainy and dry seasons. Twenty-seven physical-chemical and biological parameters were monitored. For the results a principal component analysis (PCA) was performed, with the t-test to verify differences between the collecting periods (dry and rainy). In a general manner, the results indicated waters with low values of turbidity, nutrients, DBO5 and Chlorophyll-a. However, there were exceptions, as the high concentrations of total phosphor, orthophosphate, total nitrogen (Kjeldahl), and ammoniacal nitrogen, recorded in some places during the dry season. Low concentrations of dissolved oxygen were also frequent in the study area. The results point to an expected seasonality which may be related to a larger contribution of polluting sources. The protection of the Vaca Brava Stream headwaters contributes to better values in the sampling points located upstream, most probably owing to the fact of the VBMP. The disorderly human occupation is reflected in the higher housing concentration (especially vertical) in the intermediary parts of the Vaca Brava Stream, being coherent with the more negative results expressed in this stretch of the stream. Among all sampling points, the most relevant for the majority of alterations is the Point 5, which might be reflecting the effluent loads coming from sewers, commerce, and small industries as channeled form or surface runoff in the rainy season.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
SILVA, P. R.; RUBIN DE RUBIN, J. C. <b>Avaliação da qualidade da água do Córrego Vaca Brava: contribuições para Ciências Ambientais e Saúde</b>. Revista EVS - Revista de Ciências Ambientais e Saúde, Goiânia, Brasil, v. 45, n. 1, p. 26–38, 2018. DOI: 10.18224/evs.v44i0.6045. Disponível em: https://seer.pucgoias.edu.br/index.php/estudos/article/view/6045. Acesso em: 28 mar. 2024.
Seção
Artigos
Biografia do Autor

Patrícia Regina Silva, Pontifícia Universidade Católica de Goiás

Mestre em Ciências Ambientais e Saúde pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás). Especialista em microbiologia no Instituto Superior de Medicina em Belo Horizonte. Graduada em Ciências Biológicas Modalidade Médica pela PUC Goiás.

Júlio Cezar Rubin de Rubin, Pontifícia Universidade Católica de Goiás

Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais e Saúde Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Pontifícia Universidade Católica de Goiás

Referências

DIAS, L. E. & GRIFFITH, J. J. 1998. Conceituação e caracterização de áreas degradadas. In: DIAS, L. E.; MELLO, J. W. U. (Ed) Recuperação de áreas degradadas. Pp. 1-7. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa. 7 p.

HAUGHTON, G. & HUNTER, C. 1994. Sustainable Cities. Londres, Jessica Kingsley. 350 p.

BENINI, R. M. & MENDIONDO, E. M. 2015. Urbanização e impactos no ciclo hidrológico da bacia do Mineirinho. Belo Horizonte. Floresta e Ambiente 22(2): 211-222.

GUERRA, A. J. T. & CUNHA, S. B. 2011. Impactos ambientais urbanos no Brasil. 8°. Ed. - Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 418 p.

CAVALCANTI, L. S. 2001. Geografia da cidade: a produção do espaço urbano de Goiânia. Goiânia: Alternativa. 237 p.

DAHER, T. 2009. O projeto original de Goiânia. Goiânia: Revista da UFG. 15 p.

IBGE, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. 2014. Perfil dos municípios brasileiros. Brasília. 282 p.

MARINHO, C. B. 2006. Região sul de Goiânia: um lugar valorizado na metrópole Espaço e Tempo. Editora GEOUSP: Espaço e Tempo (Online), São Paulo, n. 19, p. 113-129. 16 p.

AMMA. Agência Municipal do Meio Ambiente de Goiânia. 2006. Parque Vaca Brava. Acesso em 26/03/2015. Disponível em: http://www.goiania.go.gov.br/shtm/amma/parquesebosques

CAU/GO. Relatório 7, Parque Vaca Brava, 2013. Acesso em: 15/04/2015. Disponível em: http://www.caugo.org.br/wp-content/uploads/2013/06/7-Vaca-Brava.pdf.

ALVES SOBRINHO, T., OLIVEIRA, P. T. S., RODRIGUES, D. B. B. & AYRES, F. M. 2010. Delimitação automática de bacias hidrográficas utilizando dados SRTM. Engenharia Agrícola [online] 30(1): 46-57. 2010. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0100-69162010000100005.

AGOSTINHO, A. A. 1995. Considerações sobre a atuação do setor elétrico na preservação da fauna aquática e dos recursos pesqueiros. In: COMASE/ELETROBRÁS. Seminário sobre fauna aquática e o setor elétrico brasileiro. Pp. 8-19. COMASE/ELETROBRÁS, Rio de Janeiro. 86 p.

AWWA. 2005. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. Port City Press. Baltimore, Maryland. 1350 p.

CETESB. Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. 2011. Guia Nacional de Coleta e Preservação de Amostras. ANA. Brasília, DF. 327 p.

BRASIL. Resolução CONAMA nº 357/2005. 2005. Ministério do Meio Ambiente, Governo do Brasil. Diário Oficial da União 17 de julho de 2005.

LEGENDRE, P. & LEGENDRE, L. 1998. Numerical Ecology. 2a Ed, Amsterdam: Elsevier Science B.V. 852 p.

CADORE JR., & MENDES, T. A. 2016. Parques públicos urbanos: o caso do Parque Vaca Brava – Goiânia (GO). Revista Mirante 9 (1): 112-136.

MORENO, M. M. 2016. Parâmetros para Implantação Efetiva de Áreas Verdes em Bairros Periféricos de Baixa Densidade. Campinas, 2006. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo, Universidade Estadual de Campinas. 147p.

ARANTES, G. F. 2011. Intervindo no espaço construído: o caso do Parque Vaca Brava. Enciclopédia Biosfera 7 (12): 1-12.

WETZEL, R. G. & LIKENS, G. E. 2005. Limnological Analyses. Springer. New York. 357p.