ESPIRITUALIDADE E VIDA SIMBÓLICA

Conteúdo do artigo principal

José Benedito de Almeida Júnior

Resumo

Este trabalho tem por objetivo analisar o conceito de “vida simbólica” de Carl Gustav Jung e associá-lo à noção de espiritualidade. Para Jung, o homem moderno vive uma crise espiritual decorrente da perda de sua capacidade de reagir ao numinoso e às forças do inconsciente. A vida simbólica é expressa por meio de rituais religiosos que permitem o fluxo energético gerado pelas pressões comuns do cotidiano. Portanto, a vida simbólica é expressa por meio de símbolos das religiões, ou seja, pelas suas formas de espiritualidade presentes nos ritos coletivos ou privados. Dessa forma, quanto mais rica em símbolos maior é a capacidade de uma religião permitir o equilíbrio das relações entre o ego e o self, bem como, entre a pessoa e a vida comum. Por outro lado, quanto maior a racionalização da religião e a concepção materialista de vida, menos intensa é a vida simbólica e menor a capacidade de reagir às pulsões do inconsciente e das pressões da vida. Nesse sentido, como último recurso, o homem moderno apega-se às formas de espiritualidade superficiais como a literatura de autoajuda, aos hobbies etc.

SPIRITUALITY AND SYMBOLIC LIFE

This work aims to analyze the concept of ‘symbolic life’ of Carl Gustav Jung and associate it with the notion of spirituality. For Jung, modern man experiences a spiritual crisis due to the loss of his ability to react to the numinous and the forces of the unconscious. The symbolic life expressed through religious rituals that allow the energetic flow generated by the pressures of life on the conscience and the unconscious, in other words, expressed through symbols of religions, this is, by their forms of spirituality present in collective or private rites. In this way, as richer in symbols, the greater will be the capacity of religion to balance the relationship between ego and self, as well as between the person and the ordinary life. On the other hand, the greater the rationalization of religion and the materialistic conception of life, the less intense is the symbolic life and the less the ability to react to the drives of the unconscious and the pressures of life. In this sense, as a last resort, modern man clings to superficial forms of spirituality such as self-help literature, hobbies, and so on.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
ALMEIDA JÚNIOR, J. B. de. ESPIRITUALIDADE E VIDA SIMBÓLICA. Caminhos - Revista de Ciências da Religião, Goiânia, Brasil, v. 17, n. 1, p. 14–27, 2019. DOI: 10.18224/cam.v17i1.6781. Disponível em: https://seer.pucgoias.edu.br/index.php/caminhos/article/view/6781. Acesso em: 28 mar. 2024.
Seção
Dossiê / Dossier
Biografia do Autor

José Benedito de Almeida Júnior, Instituto de Filosofia; Programa de Pós Graduação em Filosofia UFU

Pós-doutor em Filosofia pela Faculdade Jesuíta de Belo Horizonte (Tema: a filosofia dos exercícios espirituais inacianos). Doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo (A filosofia contra a intolerância: religião e política em Rousseau). Mestre em Filosofia pela Universidade de São Paulo (Educação e Política em Rousseau). Graduado e Licenciado em Filosofia pela Universidade de São Paulo.

Referências

BARCELOS NETO, Aristóteles. Apapaatai: rituais de máscaras no Alto Xingu. São Paulo: EDUSP; FAPESP, 2008.

BORHEIM, G. Os filósofos pré-socráticos. São Paulo: Cultrix, 1993.

CAMPBELL, Joseph. Para viver os mitos. Tradução de Anita Moraes. São Paulo: Cultrix, 2006.

ELIADE, Mircea. O Sagrado e o Profano. Tradução de Rogério Fernandes. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

JUNG, Carl Gustav. A energia psíquica. Tradução de Pe. Dom Mateus Ramalho Rocha, OSB. Petrópolis: Vozes, 1999.

JUNG, Carl Gustav. A vida simbólica. Obra Completa, vol. 18/1. Tradução de Araceli Elman; Edgar Orth. Petrópolis: Vozes, 2008.

OTTO, Rudolf. O Sagrado. Tradução de Walter O. Schlupp. São Leopoldo: Sinodal/EST; Petrópolis, Vozes, 2007.

ROUSSEAU, J. Emílio ou da Educação. Tradução de Sergio Milliet. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1992.

ROUSSEAU, J. Júlia ou a Nova Heloísa. Tradução de Fúlvia Monteiro. São Paulo: Hucitec; Campinas: Ed. da Unicamp, 1994.