DEUS, “A BEM, SOE”! A VIDA REVELADA NO <i>CANTUS FIRMUS</i>
DOI:
https://doi.org/10.18224/cam.v17i1.6966Palavras-chave:
Música. Vida. Espiritualidade. Improviso. Cantus Firmus. Music. Life. Spirituality. Improvisation. Cantus Firmus.Resumo
O presente artigo pretende analisar a música medieval, em específico a relação entre polifonia e grafia musical, a partir de conceitos próprios da fenomenologia de Michel Henry, demonstrando que o improviso possui em si um acesso não mediado à Vida no sentido que a fenomenologia da vida a define, e que a grafia, enquanto representação, se coloca historicamente como uma mediação e, até mesmo, como substituição da vida grafada. Assim, seguindo a metáfora de Dietrich Bonhoeffer nas últimas cartas do cárcere de Tegel, tal como foi retomada por Rubem Alves, propomos o cantus firmus como o elemento da música medieval que dá sustentação à vida exatamente por ser um continuum harmônico que permite o improviso, permitindo o acesso à Vida em suas múltiplas tonalidades de revelação. GOD, “A BEM, SOE”! LIFE REVEALED IN THE CANTUS FIRMUS This article aims to analyze the medieval music, in specific the relationship between polyphony and musical notation from own concepts of Michel Henry phenomenology, demonstrating that improvisation has in it an access unmediated to life in the sense that the phenomenology of life defines, and that the musical writing, as representation, historically places itself as a mediation and, even, as a substitution of the life written. Thus, following the metaphor of Dietrich Bonhoeffer in the last letters from prison of Tegel, as taken up by Rubem Alves, we propose the cantus firmus as medieval music element that supports life precisely because it is a harmonious continuum that allows improvisation, allowing access to Life in its multiple shades of revelation.Downloads
Referências
ALVES, R. O Deus do Furação. In: ALVES, R. (Org.). De Dentro do Furacão: Richard Shaull e os primórdios da Teologia da Libertação. São Paulo: Sagarana, CEDI, CLAI, Programa Ecumênico de Pós-Graduação em Ciências da Religião, 1985. p. 19-24.
ALVES, R. O Poeta, O Guerreiro, O Profeta. Petrópolis: Vozes, 1992.
ALVES, R. Dogmatismo & tolerância. São Paulo: Loyola, 2004.
ARCENS, M. Le jazz, une musique de la vie. In: JEAN, G.; LECLERCQ, J.; MONSEU, N. La Vie et les vivants: (Re-)lire Michel Henry. Louvain-la-neuve: Presses universitaires de Louvain, 2013. p. 401-410.
BONHOEFFER, D. Resistência e submissão: cartas e anotações escritas na prisão. São Leopoldo: Sinodal, 2003.
GROUT, D. J.; PALISCA, C. V. História da música ocidental. 5. ed. Lisboa: Gradiva, 2007.
HENRY, M. Qu'est-ce que nous appelons la vie? Philosophiques, Montreal, v. 5, n. 1, p. 133-150, abr. 1978.
HENRY, M. L’Essence de la manifestation. Paris: PUF, 1990.
HENRY, M. Encarnação: uma filosofia da carne. Lisboa: Círculo de leitores, 2000.
HENRY, M. Phénoménologie de la vie. Tome III. De l’art et du politique. Paris: PUF, 2003.
HENRY, M. Auto-donation: entretiens et conférences. Paris: Editions Beauchesne, 2004.
HENRY, M. Entretiens. Cabris: Éditions Sulliver, 2005.
HENRY, M. Fenomenología de la vida. Tradução de Mario Lipsitz. Buenos Aires: Prometeo, 2010.
KÜHN, R. La phénoménologie de la religion selon Michel Henry. Revue des sciences religieuses, Strasbourg, v. 86, n. 2, p. 195-215, 2012.
SADIE, S. Dicionário grove de música. Rio de Janeiro: Zahar, 1994.
STOLBA, K. M. The Development of Western Music: A History. Boston: McGraw-Hill, 1995.